Primeiro texto do Blog
Estava pensando sobre a possibilidade de escrever mais, registrar todos os dias algumas das coisas incríveis que tenho vivido com a minha família na estrada, mas o problema é que estamos inseridos num processo de aprendizado e autoconhecimento mais profundo do que jamais imaginamos. Por tanto escrever todos os dias pode ser cansativo, mesmo que eu ame fazer isso poderia ocupar um tempo dos dias que preciso aprender para sobreviver.
Viver na estrada não exige muita rotina, ao menos aquela rotina tradicional cansativa que todos os dias é possível ser vista no rosto das pessoas que pegam ônibus lotado ou enfrentam os trânsitos das cidades numa rotina comum de trabalho, mas posso dizer que é necessário ter o mínimo de rotina possível para que a vida possa ser minimamente organizada mesmo quando tentamos nos desintoxicar de quaisquer semelhanças com a vida que vivíamos antes de pegar a estrada.
Vivemos tudo que um dia sonhamos e na verdade parece que ainda estamos sonhando e a qualquer momento podemos acordar e ter a triste surpresa de tudo ser invenção da nossa mente. Se isso acontecesse, não seria uma surpresa, pois temos a dimensão de quão difícil foi realizar o que estamos conseguindo fazer.
Agora estamos na Argentina, na província de Chubut, mais precisamente em Rawson, a capital que não tem cara de capital e que é banhada pelas frias águas que ligam o oceano atlântico à Patagônia. Tomei a liberdade de dizer que a capital não tem cara de capital, pois a maioria dos Argentinos que encontramos disseram que não entendiam o motivo de Rawson ser capital, pois era pequena e o centro econômico de Chubut poderia ser em uma cidade mais relevante. Não conheço suficientemente a geografia argentina para opinar de uma maneira mais detalhada, mas acredito que um dos motivos da relevância de Rawson se deve a uma extensa área portuária que pode ser economicamente relevante para a província de Chubut.
Estivemos três dias 5 dias em Esquel, nos três primeiros dias subimos uma estrada de rípio bem íngreme e ficamos à beira a Lagoa Z. A lagoa está situada no Parque Nacional Los Alerces, um lugar tranquilo e com uma paisagem impressionante. A lagoa contrasta com as montanhas marrons e meio vermelho cobre, em volta da lagoa é possível fazer piqueniques e até mesmo uma trilha leve que começa na borda da lagoa passando por entre os cavalos que pastam no local. O parque também é um excelente lugar para quem gosta de observar aves, é possível perceber várias espécies que, certamente, não saberei citar os nomes.
Ficamos três dias e três noites estacionado em frente a lagoa e foi super tranquilo. Todos os dias as pessoas passam por ali para tomar um mate ou até mesmo só para admirar a linda paisagem que o local proporciona.
Depois desses dias decidimos descer para a cidade, abastecer a van, fazer compras para seguir nosso caminho até Puerto Madryn no dia seguinte.